Capítulo 5 – Incursão em Iŝgarvana

Naley saveray!

─ Na… o quê? – indaguei, sem entender, de olhos fechados e ainda sonolento.

─ É como dizemos “bom dia”. – disse Pedro, risonho. – Agora que você está aqui, é bom que saiba um pouco de heramene para saber se comunicar. Nem todos falam português. Eles acham muito difícil.

─ E quem não acha? – sentei-me e abri os olhos. O rapaz estava de pé, na minha frente, de dorso nu, provavelmente terminando de se arrumar. Usava, como a um saiote, um tecido verde cinzento enrolado de um jeito que me pareceu extremamente complicado.

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Capítulo 4 – Discussões em Heramene

Entrei na humilde choupana cambaleando pelo peso da mala. Lá, pequenos candeeiros suportavam as chamas tremulantes que tinham o dobro do tamanho de suas bases. O ar tinha um leve aroma de azeite e alecrim, além do cheiro natural da palha que recobria o teto. No chão de terra batida, longe da porta no canto à minha esquerda, uma tigela grande de água vez ou outra borbulhava. Naquele cômodo, um velhinho baixinho, de pele negra, barbas brancas e orelhas grandes abraçava Pedro, parecendo revê-lo depois de um longo tempo. No chão ao centro, quatro esteiras, uma grande e quadrada ao centro rodeada por uma menor mais distante, uma maior e retangular a esquerda na minha visão e uma menor, mais próxima a mim faziam uma espécie de chão posto para uma refeição. Sobre a esteira quadrada, uma cesta de palha com pães parecidos com pão sírio, um pote pequeno e branco de pedra, uma jarra grande de cerâmica e quatro canequinhas.

– Deixe a mala ao lado da tigela e sente-se. Você está horrível! – me disse o velhinho baixinho, que se sentava sobre a esteira menor mais distante de mim após cumprimentar Pedro. Pegou um dos pães sírios da cesta à sua frente, molhou-o no pote de pedra que continha um creme verde e, comendo, continuou: – Você é mais alto que Pala! Sua raça é muito alta. Não há homens tão altos assim em Pumya. Qual seu nome?

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Capítulo 3 – Caraminholas na cabeça


Eu estava estarrecido com o que eu acabara de ouvir. Como eu, recém-chegado, traria mortes a esse planeta desconhecido? Com a respiração ofegante, faltava-me ar suficiente para processar a informação. Pedro olhou-me com um misto de temor e nojo, mas voltou-se para a harpia:

– Vinraya, Senhora dos tempos, como isso pode acontecer? Desejaria Plare’ nos punir?

– Haverá punições, mas Râgarislana mexerá com as bases do que você conhece sobre esse planeta, Pala. – anunciou a ave. – Os homens do leste se voltarão contra você e seu destino estará nas mãos de Plare’.

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Capítulo 2 – As árvores dançantes e o oráculo

– Se você quiser, podemos ir andando. O caminho é longo o suficiente para durar o dia todo. – disse Pedro, achando graça da minha expressão maravilhada.

Demos alguns passos e eu respirava aquele ar frio com satisfação. O ar matinal daquele lugar era tão bom quanto o do Itanhangá (ou até melhor). O cheiro de terra molhada me deixava tranquilo, embora eu ansiava por saber mais sobre o que estava acontecendo. Descemos o pequeno monte onde estávamos, tendo cuidado para não escorregar na grama molhada, e, então, começaram as explicações:

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Capítulo 1 – Olá, planeta Terra

Aqui começo a escrever nesse site sob o formato de blog. Embora eu não esteja interessado em falar sobre mim, quem quiser saber mais há um texto explicativo na aba Autor.

Neste blog, publicarei grande parte, senão a totalidade, do material que me foi apresentado pelo petropolitano Pedro N. de Oliveira. Conheci Pedro na internet, em um grupo de rede social sobre ovnis e outros planetas. Pedro rapidamente se tornou piada no grupo, mas é um rapaz muito paciente e seguro de si. Começamos a conversar sobre o que ele divulgava ter encontrado. Disse-me ter viajado a bordo de uma clepsidra ao redor de várias partes do universo e encontrado vida e civilizações complexas num planeta chamado Pumya.

Qual não seria minha reação ao ler tal disparate? Prontamente considerei que esse rapaz não estivesse na plenitude de suas faculdades mentais e ignorei completamente suas mensagens. Mas, ao ler os artigos do grande antropólogo Sébastien Baptiste de la Mèr, do Conselho de Administração e Curadoria do Museu do Louvre, publicados em maio de 2018, meu sentimento de dúvida deu lugar à curiosidade e, então, resolvi entrar em contato com Pedro. Pedi a ele uma simples comprovação do material. Foram meses até que Pedro voltasse a se corresponder comigo. Suponho que tenha ficado ligeiramente chateado pela minha voluntária inacessibilidade anterior. Quando finalmente Pedro respondeu-me, a mensagem foi curta: “venha a Petrópolis com mala pronta para um mês”. Ligeiramente revisitei minha hipótese sobre a sanidade do rapaz, mas calei meu ceticismo natural e deixei meu pequeno apartamento no Itanhangá para ir a Petrópolis.

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