Heramene

História

O Heramene, também grafado Horamene, é o idioma falado pelo povo Heramena, do país Manalapala, ao norte do que eles chamam de Pumya, o planeta onde habitam. Manalapala fica próximo às montanhas rochosas de Devepahara, lugar que os heramenal acreditam ser habitado pelos seus deuses.

O nome Heramene surgiu da invasão do território de Manalapala pelos anões da ilha de Kibete, em 1410 a.C (antes do Conselho) – ou, em anos terrestres, 143 a.C. O Conselho de Lune Śaha marcou a atual divisão de territórios de Pumya, isolando os povos do sul para depois do deserto de Hanele Manala e os anões permaneceram com a ilha de Kibete. No idioma Kibete, Kerimenes (kori = vale; menesk = povo), de onde derivou a palavra Heramena, significa “povo do vale”, fazendo relação à geografia dos assentamentos dos heramenal, que jamais sobem as montanhas a fim de não despertar a ira de Plare, sua Deusa Suprema.

Descrição, Alfabeto e Fonologia

O Heramene é uma língua aglutinante, que deriva das famílias de línguas dravídicas e indo-arianas, apresentando também influências de línguas germânicas, chádicas, turcomanas e eslavas. Bastante vocálica, tem regras gramaticais concisas e um alfabeto próprio, porém, por razões de limitação da fonte aqui usada, usaremos a transliteração ao alfabeto latino, com sinais diacríticos a fim de diferenciar cada fonema. Em Heramene, cada letra possui apenas um fonema (com exceção de “A” e “U”, como você poderá ver na lista a seguir).

Para conhecimento do fonema de cada letra, o alfabeto será apresentado com a letra latina seguida, entre parênteses, da representação fonética em português (sempre que possível) e exemplo. O alfabeto da transliteração consiste em A (a, como em pá), B (b, como em baú), C (tch, como em tchau), Ĉ (ts ou zz, como em pizza), D (d, como em dado), E (e, como em êxodo), G (g, como em garganta), H (rr, como em carro), I (i, como em ir), J (como no nome inglês John), Ĵ (j, como em jogo), K (c, como em carro), L (l, como em litro), M (m, como em mãe), N (n, como em não), O (o, como em ornar), P (p, como em pedra), R (r, como em beira), S (s, como em sal), Ś (ch, como em chá), Ŝ (ch feito com retroflexão da língua – inexistente em português), T (t, como em touro), U (u, como em uva), V (v, como em vaso), W (u, como em ouro), Y (i, como em beira) e Z (como em zebra).

Dessa maneira, o alfabeto tem 27 letras: A, B, C, Ĉ, D, E, G, H, I, J, Ĵ, K, L, M, N, O, P, R, S, Ś, Ŝ, T, U, V, W, Y e Z. As letras F, Q e X não existem nesta transliteração. As consoantes são pronunciadas com a vogal “a” após seu fonema característico (B, lê-se “ba”; C, lê-se “tcha”; W, lê-se “uá”; Y, lê-se “iá”…).

Segundo o AFI (Alfabeto Fonético Internacional) a relação letra-fonema é listada abaixo:
A = a (antes da sílaba tônica e na sílaba tônica), ɐ (após a sílaba tônica, na última sílaba)
B = b
C = tʃ
Ĉ = ts
D = d
E = e
G = g
H = ɦ
I = i (antes da sílaba tônica e na sílaba tônica), ɪ (após a sílaba tônica, na última sílaba)
J = dʒ
Ĵ = ʒ
K = k
L = l
M = m
N = n
O = o
P = p
R = ɾ
S = s
Ś = ʃ
Ŝ = ʂ
T = t
U = u (antes da sílaba tônica e na sílaba tônica), ʊ (após a sílaba tônica, na última sílaba)
V = v
W = w (também representado como ʊ)
Y = j (também representado como ɪ)
Z = z

Artigo

Só há artigo definido “di” (o, a, os, as), igual para todos os gêneros, números e casos; não há artigo indefinido.

Substantivos e declinações

Os substantivos terminam em -a. Toda substantivação ocorre trocando a terminação por -a. Para formar plurais, usa-se o sufixo -l. Há apenas dois casos obrigatórios: nominativo e acusativo. Os casos facultativos são cinco: genitivo, dativo, instrumental, ablativo e locativo. Os casos facultativos podem ser formados por preposições, eliminando, assim, a obrigatoriedade do sufixo que identifica o caso. Os outros casos também são formados através de preposições.

Forma-se o acusativo com a terminação -y; o genitivo com a preposição “da” (português: de) ou terminação -sa ou -e; o dativo com a preposição “nun” (português: para, a) ou terminação -ya; o instrumental com a preposição “tan” (português: com) ou terminação -te; o ablativo com a preposição “tom” ou a conjunção “ênir” (português: a partir de, por causa de) ou a terminação -da; o locativo com a preposição “î” (português: em) ou terminação -ye ou outras terminações, de acordo com a conotação.

Exemplos: 1- “putra” (filho)
Nominativo: “putra”
Acusativo: “putray”
Genitivo: “putrasa” ou “putrae” (do filho)
Dativo: “putraya” (para o filho)
Instrumental e Comitativo: “putrate” (com o filho)
Ablativo: “putrada” (por causa do filho)
2- “ulasama” (mundo)
Locativo: “ulasamaye” (no mundo, dentro do mundo), “ulasamayo” (sobre o mundo), “ulasamayu” (sob o mundo), “ulasamawe” (fora do mundo).

Outra maneira de formar o caso genitivo é mesclar as palavras. Exemplo: Pahara = montanha; Deve = divina, de Deus. Devepahara, Devpahara = Montanha divina ou Montanha de Deus.

Aplicações (as sílabas em negrito são tônicas):

– Meu filho está na taverna com o filho da vizinha:
1- Putra mesa śerdaye di putrate gwamatasa haman.
2- Mesa putra î śerda tan di putra da gwamata haman.
3- Mesa putra î śerda tan di gwamateputra haman.

– Feliz Dia das Mulheres:
1- Kuśey dinay ratasal.
2- Kuśey dinay da di ratayl.
3- Kuśey ratedinay.

Observações: a partícula de declinação influencia na verificação da sílaba tônica, de forma que todas as palavras continuam paroxítonas. Não é possível combinar declinações, exceto plural.

Adjetivos

Adjetivos terminam em -e. Toda adjetivação ocorre trocando a terminação por -e. Os casos e a concordância em número com o substantivo ocorrem da mesma forma que os substantivos. O grau comparativo forma-se com palavra melo (mais) e o superlativo com a expressão di melo (o mais). O “que” do comparativo traduz-se por ki (melo ki, mais que), e o “de” do superlativo por de. Também é possível fazer comparações usando “si” (que pode ser traduzido como “do que”, em Português, e “than”, em Inglês).

Numerais

Os numerais cardinais são: eku (1), du (2), muru (3), nanku (4), pancu (5), aru (6), êlu (7), aśtu (8), nau (9), daśu (10), nuru (100), eru (1000), ardaśu (16), daśaru (60), nuraru (600). As dezenas e centenas formam-se pela simples reunião dos mencionados numerais na ordem correta: para adicionar uma unidade a uma dezena, a unidade deve vir na frente (eku – 1; daśu – 10; ekdaśu – 11); para indicar quantidade de dezenas, o numeral daśu (10) virá na frente e a quantidade logo após (daśdu – 20; diferente de dudaśu – 12). O mesmo ocorre para centenas (nurdu daśdu du – 222). Aos adjetivos numerais cardinais adiciona-se a terminação -e do adjetivo, para formar os numerais ordinais ; pat (como sufixo) para os múltiplos (dupatu – dobro, murpatu – triplo); vat (como sufixo) para os fracionários (duvatu – metade ou meio, murvatu – um terço); ir (como sufixo) para os coletivos (duiru – par, muriru – trinca). O prefixo har antes dos cardinais forma os distributivos (hardu – a cada dois, de dois em dois), pode-se combinar o sufixo dos numerais fracionários “vat” e o prefixo dos numerais distributivos “har” para formar palavras (harduvatu – meio a meio).

Principais Pronomes e Declinações

Os pronomes pessoais no caso nominativo são:

me (eu),
se (tu, você),
re (ele),
ve (ela),
tine (ele ou ela, pronome neutro)
he (ele, ela, para animais ou coisas),
be (nós),
sel (vós, vocês),
rel (eles),
vel (elas),
tinel (eles ou elas, pronome neutro)
hel (eles, elas, para animais ou coisas)
one (se, um).

Adicionando-lhes a terminação -sa ou -e, forma-se o caso genitivo (mesa, sesa, resal, vesal / mê, sê, rêl, vêl). Os pronomes declinam-se como substantivos. Exemplo num acusativo: me, mey. Na formação dos casos, coloca-se a terminação primeiro e o plural depois. Exemplo: re, reyl.

Verbos

Os verbos são invariáveis nas pessoas e nos números. Nos modos verbais, existem quatro tempos no Modo Simples, dois no Modo Contínuo, além do Imperativo:

O Presente Simples termina em -an;
O Pretérito Simples em -in;
O Futuro Simples em -on;
O Condicional em -un.

O Modo Contínuo, ao contrário do Inglês, nada tem a ver com Gerúndio / Particípio Ativo. Trata-se de uma noção temporal conjunta ou sobreposta, na qual as ações do presente afetam os outros tempos ou são feitos neles. Geralmente esse modo é usado em textos mágico-religiosos, sendo formado a partir do advérbio de tempo + verbo conjugado no Presente Simples:

Passado Contínuo: muno [radical verbal]-an;
Futuro Contínuo: pinaro [radical verbal]-an.

O Modo Imperativo termina em -u.
Para formação do negativo, basta acrescentar o advérbio naho antes do verbo com a terminação imperativa -u.

Estes são os Modos Nominais:

O Infinitivo termina em -i;
O Particípio Ativos termina em -and;
O Particípios Passivos, em -ad.

A Voz Passiva forma-se com o verbo hami (estar) e o Particípio Passivo do verbo que se conjuga nesta voz.

Advérbios

Advérbios terminam em -o. Seus graus de comparação formam-se como os dos adjetivos.

Preposições

Todas as preposições regem, por si mesmas, o nominativo.

Outras informações

Todas as palavras são pronunciadas da mesma forma como são escritas.

Regras de tonicidade: todas as palavras são paroxítonas. O único sinal gráfico usado é ^ (sobre vogais), que é geralmente causado pela junção de duas vogais idênticas e pronuncia-se alongando a vogal.

As palavras compostas formam-se pela simples união dos elementos que as formam. A ligação das palavras é feita pela vogal “e” (ou não, se sua ausência não impossibilitar a pronúncia e não causar ambiguidade. Nelas, a palavra fundamental aparece sempre no fim. Dessa forma, “Devepahara” (“deva” e “pahara”, deus e montanha, respectivamente) significa montanha divina e nomeia a cordilheira sagrada dos heramenal. Afixos e terminações não necessitam da vogal “e”.

Se na frase já houver uma palavra negativa, elimina-se o advérbio naho (não). Caso a palavra termine com y, para formar o acusativo sempre se acrescentará a letra n antes da terminação do acusativo.

Toda preposição tem, em Heramene, um sentido invariável e bem determinado, que fixa seu emprego. Porém, quando o sentido que queremos exprimir não indica com toda claridade que preposição devemos empregar, usaremos a preposição yo, que não tem significado próprio.

As palavras estrangeiras, ou seja, aquelas que a maior parte das línguas têm tirado duma mesma origem, não sofrem alteração ao passar ao Heramene, mas adotam a sua ortografia e as suas terminações. Porém, das distintas palavras derivadas duma mesma raiz, é preferível empregar inalterada somente a palavra fundamental, e formar as demais segundo as regras do Heramene.

As terminações -i do artigo e -a do substantivo em singular podem suprimir-se, substituindo-as pelo apóstrofo.

A partícula “kî” é colocada no início de frases interrogativas.

Para gerar o antônimo de alguma palavra, basta acrescentar “nah” como prefixo. Se “nah” tornar a palavra impronunciável, como no caso de uma palavra que comece em “h” ou “r”, elimina-se a consoante “h” de “nah”.

Na escrita heramene, orações subordinadas são isoladas por vírgulas, de modo que, ao final, os verbos fiquem isolados e fáceis de identificar a quais orações pertencem. No Heramene falado, é necessário um pouco de atenção para identificar os verbos, mas não é comum que falantes do idioma construam muitas orações desse tipo. Sendo assim, evite construções frasais com muitas orações. Quanto menos “que” (“ki”), melhor.

Principais Afixos

Prefixos frequentes:

“ce” – fazer, razão de;
“gar” – coletivo;
“kom” – superlativo;
“maĵ” – ex;
“nah” ou “na” – não, para formar antônimos;
“sak” – forçadamente;
“sam” – livremente, em larga escala, igualmente para todos;
“tay” – secretamente;
“ul” – dentro;
“vel” – fora.

Sufixos frequentes:

“-acad-” – profissão;
“-aht-” ou “-ht-” – pessoa ou indivíduo;
“-an-” – coisa (física ou abstrata);
“-ang-” – orgão ou parte do corpo (medic.);
“-ar-” – trabalhador e planta frutífera;
“-at-” – feminino;
“-eh-” – tempo nominal passado;
“-it-” – diminutivo;
“-em-” – tempo nominal futuro;
“-nil-” – terra, país;
“-nilaht-” – gentílico, pessoa nascida em um local;
“-ot-” – aumentativo;
“-tiran-” – habilidade, possibilidade;
“-uŝy-” – masculino;
“-vad-” – filosofia, religião, ação frequente e coordenada, maneira de pensar;
“-ve” – mesmo (partícula pronominal reflexiva ou relativa).

Observação: os sufixos acima influenciam na verificação da sílaba tônica, mantendo as palavras sempre paroxítonas.

Sintaxe

A sintaxe básica do Heramene é estruturada em sujeito – objeto – verbo (SOV).

Curiosidades: não existe verbo “ser” em Heramene, já que, para eles, a existência material é passageira e, por isso, não faz sentido dizer que se é alguma coisa. Se fôssemos correlacionar com o português, para dizer “Eu sou rico”, a sintaxe heramene diria “Eu rico” ou “Eu rico estou”; “Meu nome é Tauan” seria “Meu nome Tauan” ou “Meu nome Tauan está”. É importante dizer que o verbo estar, em Heramene, nunca rege acusativo e não tem o mesmo significado que o verbo ser. Obviamente, para se referir a Plare, Deusa permanente e eterna, eles usam o advérbio “kado” (sempre) antes do verbo “hami” (estar). Dessa forma, “Plare kado haman” significa “Plare sempre está”.

Onde Aprender Heramene

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Exemplos de Textos em Heramene